As diretoras Claudia Meyer e Mariusa Fernandes, do Afocefe, participaram nesta quarta-feira, 06, de uma palestra promovida pelo SINDPPEN, na Semana da Mulher, para discutir o livro “Calibã e a Bruxa – Mulheres, corpo e acumulação primitiva” de Silvia Federici, com a juíza do trabalho e professora da UFRGS Valdete Souto, e a advogada trabalhista e doutoranda em direito Luciane Toss. O evento abordou a evolução do papel da mulher, desde o passado até os dias atuais, reunindo sindicalistas de diversos segmentos na sede da instituição.
O debate buscou compreender o processo político de dominação dos corpos femininos, comparando as análises do livro de Silvia Federici com a realidade das mulheres brasileiras. Destacou-se a importância das mulheres nas estruturas familiares para permitir que os homens trabalhassem mais de 8 horas por um salário, evidenciando a docilização das mulheres para a estruturação do capitalismo e das dinâmicas de gênero.
De acordo com as palestrantes, na Europa, ao longo de séculos, desenvolveu-se uma filosofia de convencimento de que o trabalho é exercício de liberdade, enquanto no Brasil, esse conceito foi imposto. O processo histórico de transição do feudalismo para o capitalismo, que na Europa envolveu um processo de sofrimento, foi importado para o Brasil de maneira mais severa e com uma lógica diferente. “Aqui, sequer o mito da fragilidade feminina chegou para todas as mulheres, sendo usado como forma de convencimento social, baseado na ideia de escravização. Não há nada de racional em trocar a vida toda por trabalho”, conclui Valdete.
